O 25 de Abril e as Independências - uma visão crítica a partir da Coleção Lusofonias / The 25th of April and the Independencies - a critical view from the Lusophonies Collection | 20/04/2024 > 01/06/2024
PT|A 20 de abril, entre as 17h e as 20h, inaugura na Casa da Liberdade - Mário Cesariny e na Perve Galeria a exposição "O 25 de Abril e as Independências - uma visão crítica a partir da Coleção Lusofonias", que explora o modo como os artistas portugueses e os artistas oriundos do espaço da CPLP exerceram um discurso problematizador sobre o período histórico do Estado Novo, da Revolução dos Cravos e das Independências dos países africanos de língua portuguesa. Não perca, até 1 de junho, esta mostra que apresenta várias obras nunca antes expostas.
ENG| On April 20th, between 5pm and 8pm, the exhibition "The 25th of April and the Independencies - a critical view from the Lusophonies Collection" opens at Freedom House - Mário Cesariny and Perve Galeria. It explores how Portuguese artists and artists from the CPLP (Portuguese-speaking Community of Portuguese-speaking Countries) problematised the historical period of the dictatorship in Portugal, the Carnation Revolution of 1974, and the independence of the Portuguese-speaking African countries. Don't miss this exhibition until 1 June, which features several artworks that have never been exhibited before.
"O 25 de Abril e as Independências - uma visão crítica a partir da Coleção Lusofonias"
"The 25th of April and the Independencies - a critical view from the Lusophonies Collection"
Casa da Liberdade - Mário Cesariny & Perve Galeria
20 abril - 01 junho 2024 | April 20th - June 1st 2024
3.ª - sábado: 14h - 20h | Tuesday - Saturday: 2pm - 8pm
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Recuperando a mostra “Resistência e Liberdade”, cuja primeira apresentação aconteceu no Palácio da Independência, em Lisboa, em 2015, dando-lhe um novo e mais amplo contexto no âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, a exposição "O 25 de Abril e as Independências - Uma visão crítica a partir da Coleção Lusofonias" promove uma reflexão sobre o impacto do processo revolucionário de libertação democrática e de independência das antigas colónias na arte desenvolvida em Portugal e nos países de língua portuguesa. A mesma traz para a contemporaneidade o debate iniciado em 2015, questionando criticamente as mudanças sociais, políticas e artísticas, que o último decénio concretizou.
Patente na Casa da Liberdade - Mário Cesariny e na Perve Galeria, a mostra explora o modo como os artistas portugueses, artistas oriundos do espaço da CPLP e da diáspora africana, exerceram um discurso problematizador sobre o período histórico do Estado Novo, da Revolução dos Cravos e das Independências dos países africanos de língua portuguesa.
Visando contrariar o apagamento silencioso de artistas cuja criação urge ser vista, reconhecida e valorizada, a exposição é composta por obras da Coleção Lusofonias da Perve Galeria, cuja génese remonta ao final da década de 1990, quando começou a ser reunida em ambiente de pesquisa pelo curador Carlos Cabral Nunes. Visando cobrir o universo temporal de um século de produção artística dos países de língua portuguesa, do início do século XX à atualidade, a mesma alberga centenas de peças, incluindo obras de alguns dos mais representativos autores de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Estabelecida numa abrangência que permite várias leituras, a Coleção está agrupada tematicamente em, fundamentalmente, três núcleos históricos centrais: "Autoritarismo, Doutrina e Resistência", "A Emergência das Democracias" e "Futuros, Miscigenação e diáspora".
Partindo deste enquadramento, a exposição divide-se em dois núcleos. Na Casa da Liberdade - Mário Cesariny são apresentadas obras diretamente relacionadas com a Revolução de Abril, realizadas no contexto português. Entre os destaques estão obras inéditas do fotógrafo suíço Claude Paccaud, que registam os murais políticos que marcaram a vivência da cidade de Lisboa nos primeiros anos de democracia em Portugal. A par destas, os visitantes poderão também descobrir a escultura-objeto, ready-made, que Mário Cesariny realizou em 1976, sublinhando a importância vital de preservar a liberdade e a democracia. Neste espaço de reflexão, é evidenciada a necessidade premente de proteger esses valores, que, embora tenham emergido triunfantes com o 25 de Abril, permanecem em constante estado de vulnerabilidade.
Na Perve Galeria dá-se destaque à criação de artistas oriundos dos PALOP, resgatando obras que se alinharam com os movimentos de resistência face ao colonialismo português, procurando o despertar de consciências pró-independência nos respetivos países, como pinturas e desenhos dos moçambicanos Ernesto Shikhani e Malangatana Ngwenya, ou ilustrações que o artista cabo-verdiano Manuel Figueira, falecido a 8 de outubro de 2023, a poucos dias de completar 85 anos, realizou para o livro poético-revolucionário “Kordá Kaoberdi”, da autoria de Kwame Kondé (pseudónimo de Francisco Fragoso), editado em 1974, antes da independência de Cabo-Verde, em Paris.
Claude Paccaud (Suíça, 1948), Sem título, 1976 | Claude Paccaud (Switzerland, 1948), Untitled, 1976
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Recovering the exhibition "Resistance and Freedom", which was first shown at the Palácio da Independência in Lisbon in 2015, and giving it a new and broader context as part of the celebrations of the 50th anniversary of 25 April 1974, the exhibition "25 April and Independence - A critical view from the Lusofonias Collection" promotes reflection on the impact of the revolutionary process of democratic liberation and independence of the former colonies on the art developed in Portugal and in Portuguese-speaking countries. It brings the debate that began in 2015 into the present day, critically questioning the social, political and artistic changes that the last decade has brought about.
On show at Casa da Liberdade - Mário Cesariny and Perve Galeria, the exhibition explores how Portuguese artists, artists from the CPLP and the African diaspora, have problematised the historical period of the Estado Novo, the Carnation Revolution and the independence of Portuguese-speaking African countries.
Aiming to counteract the silent erasure of artists whose creation urgently needs to be seen, recognised and valued, the exhibition is made up of works from Perve Galeria's Lusofonias Collection, the genesis of which dates back to the late 1990s, when it began to be gathered in a research environment by curator Carlos Cabral Nunes. Aimed at covering a century's worth of artistic production from Portuguese-speaking countries, from the beginning of the 20th century to the present day, it houses hundreds of pieces, including works by some of the most representative authors from Angola, Brazil, Cape Verde, Guinea-Bissau, Mozambique, Portugal and São Tomé and Príncipe. Established within a scope that allows for various readings, the Collection is grouped thematically into three central historical centres: "Authoritarianism, Doctrine and Resistance", "The Emergence of Democracies" and "Futures, Miscegenation and Diaspora".
Starting from this framework, the exhibition is divided into two sections. Casa da Liberdade - Mário Cesariny features works directly related to the April Revolution, realised in the Portuguese context. Among the highlights are previously unseen works by Swiss photographer Claude Paccaud, which record the political murals that marked the city of Lisbon during the first years of democracy in Portugal. Alongside these, visitors will also be able to discover the ready-made sculpture-object that Mário Cesariny made in 1976, emphasising the vital importance of preserving freedom and democracy. This space for reflection highlights the urgent need to protect these values, which, although they emerged triumphant with the 25 April Revolution, remain in a constant state of vulnerability.
Perve Galeria is highlighting the work of artists from the PALOP countries, rescuing works that were aligned with the resistance movements against Portuguese colonialism, seeking to awaken pro-independence consciences in their respective countries, such as paintings and drawings by Mozambicans Ernesto Shikhani and Malangatana Ngwenya, or illustrations by Cape Verdean artist Manuel Figueira, who died on 8 October 2023, just a few days before his 85th birthday, for the poetic-revolutionary book "Kordá Kaoberdi" by Kwame Kondé (pseudonym of Francisco Fragoso), published in 1974, before Cape Verde's independence, in Paris.
Manuel Figueira (1938-2023, Cabo-Verde/Cape Verde), Balentis di Pidijiguiti, 1974. Ref.: MF185