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Obstinada.mente | Casa da Liberdade - Mário Cesariny & Perve Galeria | 17.12.2024 - 18.01.2025

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PT| É com grande prazer que se anuncia a inauguração, no próximo dia 17 de dezembro entre as 17h e as 20h, na Casa da Liberdade - Mário Cesariny e na Perve Galeria, em Alfama, da exposição Obstinada.mente, mostra antológica da artista canadiana, radicada em Lisboa, Renée Gagnon (n. 1942), cujas obras atravessam décadas e exploram temas que vão desde a transformação dos resíduos industriais até a reinterpretação das paisagens e do património cultural.

Patente até 18 de janeiro, esta exposição abarca as séries mais marcantes da artista, realizadas desde os anos 1970 até à atualidade, incluindo as emblemáticas fotografias e pinturas inspiradas nos Musseques de Luanda.

Seleção de obras em exposição

 

ENG| It is with great pleasure that we announce the opening, on 17 December between 5pm and 8pm, at Casa da Liberdade - Mário Cesariny and Perve Galeria, in Alfama, of Obstinada.mente, an anthological exhibition by Renée Gagnon (b. 1942), a Canadian artist based in Lisbon, whose works span the decades and explore themes ranging from the transformation of industrial waste to the reinterpretation of landscapes and cultural heritage.

On show until 18 January, this exhibition covers the artist's most striking series, made from the 1970s to the present day, including her emblematic photographs and paintings inspired by the Musseques of Luanda.

Selection of artworks on show

 

(scroll down for english)

 

PT| 

"Obstinada.mente"

Casa da Liberdade - Mário Cesariny & Perve Galeria, Alfama

17 de dezembro 2024 - 18 de janeiro 2025

3.ª - sábado: 14h - 20h

No dia 17 de dezembro, inaugura-se na Casa da Liberdade - Mário Cesariny e na Perve Galeria, em Alfama a exposição “Obstinada.mente”, mostra antológica da artista canadiana, radicada em Lisboa, Renée Gagnon (n. 1942), cujas obras, que abrangem a fotografia, a pintura e a serigrafia, atravessam décadas e exploram temas que vão desde a transformação dos resíduos industriais até a reinterpretação das paisagens e do património cultural. Patente até 18 de janeiro, esta exposição abarca as suas séries mais marcantes, incluindo as emblemáticas fotografias e pinturas inspiradas nos Musseques de Luanda.

Renée Gagnon nasceu em Montreal, Canadá, e vive atualmente em Lisboa. Formada em Pintura pela Escola de Belas Artes de Montreal, prosseguiu os estudos na Escola do Louvre, em Paris, e na Grande Chaumière, onde trabalhou com o pintor Aujame. Em 1970, mudou-se para Lisboa, onde desenvolveu técnicas de serigrafia em telas de grandes dimensões. Entre 1972 e 1974, viveu em Luanda, Angola, onde iniciou um estudo documental e plástico sobre os Musseques, bairros autoconstruídos que rodeiam a cidade e que representam uma expressão viva da criatividade e resiliência das suas comunidades. Em 1975, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, aprofundou essa pesquisa, registando com detalhe o engenho dos habitantes em reaproveitar materiais descartados, como tonéis de vinho, chapas de metal, papel, plástico e paus, para construir casas e paliçadas. Este ato de transformar resíduos industriais em habitação revela uma adaptação singular à realidade urbana e subverte as fronteiras entre o funcional e o artístico.

A série sobre os Musseques combina a experiência de Gagnon em pintura e gravura para criar obras em que o contraste entre cores vibrantes e tons monocromáticos captura o impacto do abrasivo sol africano sobre as frágeis estruturas de materiais reciclados. Realizado entre 1975 e 1980, este trabalho é um importante documento histórico e sociológico, além de uma manifestação artística da memória coletiva e da luta pela sobrevivência em tempos de adversidade. Gagnon captou a essência dos Musseques, onde se desfazem os limites entre a natureza e a urbanização moderna. As suas fotografias, algumas recentemente expostas na Sociedade Nacional de Belas Artes, revelam a complexidade destes espaços, com as suas ruelas, portas e janelas que contam histórias de improvisação e engenho humano.

Esta exposição ganha especial relevância por Renée Gagnon ser uma das poucas artistas a trabalhar sobre os Musseques em Angola, antes e após a independência do país, incluindo durante o período da Guerra Civil. Com a aproximação de 2025, ano em que se assinala o 50.º aniversário das independências dos PALOP, a sua obra torna-se ainda mais importante para a compreensão deste legado cultural.

Na Casa da Liberdade - Mário Cesariny, a série dedicada aos Musseques estará em destaque, enquanto na Perve Galeria serão apresentadas outras séries da artista, desde os anos 1970 até à atualidade. Esta exposição celebra a extraordinária capacidade de Renée Gagnon em transformar paisagens e materiais descartáveis em arte que desafia o tempo e a história, propondo uma reflexão sobre o que significa habitar o espaço urbano e rural e sobre como a arte pode emergir das condições mais precárias, conferindo dignidade e voz a espaços marginalizados.

 

RNG001

Renée Gagnon (n. 1942, Canadá)
Sem título - série "Musseques" | Untitled - "Musseques" series, 1975/2024 
Impressão jacto de tinta em papel de algodão Epson Ultra Smooth, colada em Dibond | Inkjet printing on Epson Ultra Smooth cotton paper, bonded to Dibond
Ed. 1/3
90 x 60 cm
Ref.: RNG001

 

ENG| 

"Obstinada.mente"

Freedom House - Mário Cesariny & Perve Galeria, Lisbon

Dec. 17, 2024 - Jan. 18, 2025

Tuesday - Saturday: 2PM - 8PM

On December 17th, the Freedom House - Mário Cesariny and Perve Galeria, located in Lisbon, will open the exhibition "Obstinada.mente", a retrospective of the Canadian artist Renée Gagnon (b. 1942), who is based in Lisbon since the 1970's. Her artworks, spanning photography, painting, and screen printing, traverse decades and explore themes ranging from the transformation of industrial waste to the reinterpretation of landscapes and cultural heritage. Open until January 18th, the exhibition features some of her most impactful series, including the iconic photographs and paintings inspired by the musseques of Luanda, Angola.

Renée Gagnon studied painting at the Montreal School of Fine Arts and continued her education at the École du Louvre in Paris and La Grande Chaumière, where she trained under painter Aujame. In 1970, she moved to Lisbon, where she developed large-scale screen-printing techniques. Between 1972 and 1974, she lived in Luanda, Angola, where she began a documentary and artistic study of the musseques, the self-built neighborhoods surrounding the city, which are a vibrant expression of the creativity and resilience of their communities. In 1975, supported by a grant from the Calouste Gulbenkian Foundation, she deepened this research, meticulously documenting the ingenuity of the residents in repurposing discarded materials such as wine barrels, metal sheets, paper, plastic, and wood to construct homes and fences. This transformation of industrial waste into housing reflects a unique adaptation to urban realities, dissolving the boundaries between the functional and the artistic.

The musseques series combines Gagnon's expertise in painting and printmaking to create works where the contrast of vibrant colors and monochromatic tones captures the impact of the harsh African sun on the fragile structures made from recycled materials. Created between the 1970s and 1980s, this series serves as both a historical and sociological document and an artistic expression of collective memory and the struggle for survival in times of adversity. Gagnon captured the essence of the musseques, spaces where the boundaries between nature and modern urbanization blur. Her photographs, some recently exhibited at the Sociedade Nacional de Belas Artes, in Lisbon, reveal the complexity of these environments, with their narrow streets, doors, and windows, each telling stories of human ingenuity and improvisation.

This exhibition is particularly significant as Renée Gagnon is one of the few artists to have worked on the musseques in Angola before and after the country's independence, including during the Civil War. As 2025 approaches, marking the 50th anniversary of the independence of the Portuguese-speaking African countries (PALOP), her work gains even greater importance in understanding this cultural legacy.

At the Freedom House - Mário Cesariny, the series dedicated to the musseques will take center stage, while at Perve Galeria it will showcased other series created by the artist from the 1970s to the present. This exhibition celebrates Renée Gagnon's extraordinary ability to transform landscapes and discarded materials into timeless and historically resonant art, offering a profound reflection on what it means to inhabit urban and rural spaces and how art can emerge from the most precarious conditions, giving dignity and voice to marginalized spaces.

 

RNG032 web

Renée Gagnon (n. 1942, Canadá)
Criar | Create, 1980
Serigrafia, prova única | Silkscreen, single proof
100 x 70 cm
Ref.: RNG032