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Vitalidade Contínua: João Artur da Silva & Isabel Meyrelles | Perve Galeria | 05.10 - 30.11.2024
PT| A 5 de outubro, dia em que João Artur da Silva celebra 96 anos de vida, inaugura na Perve Galeria, entre as 17h e as 20h, a exposição "Vitalidade Contínua", que coloca em diálogo a obra dele, mostrada pela primeira vez de forma retrospetiva, e a de Isabel Meyrelles, sua amiga de juventude e companheira da aventura Surrealista, que ele integrou diretamente como membro fundador do grupo português "Os Surrealistas", onde pontuavam nomes como Mário Cesariny, Pedro Oom e Cruzeiro Seixas, entre outros. Dois nomes incontornáveis da arte e da cultura, em exposição para ver até dia 30 de novembro em Alfama.
Fique a conhecer mais sobre o percurso de João Artur da Silva no excelente artigo que Maria Ramos Silva escreveu para o Observador. A jornalista teve a oportunidade de conversar com o artista e com Carlos Cabral Nunes, diretor e curador da Perve Galeria, e o artigo está acessível aqui (apenas para assinantes).
ENG| On October 5th, the day João Artur da Silva celebrates his 96th birthday, the exhibition 'Continuous Vitality' opens at Perve Galeria, from 5pm to 8pm, bringing together his artwork, shown for the first time in a retrospective, and that of Isabel Meyrelles, his friend from youth and companion in the Surrealist adventure, which he joined directly as a founding member of the Portuguese group 'Os Surrealistas', which included names such as Mário Cesariny, Pedro Oom and Cruzeiro Seixas, among others. Two essencial names in art and culture, on show until November 30th in Alfama.
Catálogo da exposição | Exhibition's Catalogue
"Vitalidade Contínua"
"Continuous Vitality"
Perve Galeria
05 de outubro - 30 de novembro 2024 | October 5th - November 30th 2024
3.ª - sábado: 14h - 20h | Tuesday - Saturday: 14pm - 20pm
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No dia em que João Artur da Silva (n. 1928, Portugal/Inglaterra/Canada) celebra 96 anos de vida, inaugura-se na Perve Galeria a exposição "Vitalidade Contínua", que coloca em diálogo a obra dele, mostrada pela primeira vez de forma retrospetiva, e a de Isabel Meyrelles (n. 1929, Portugal), sua amiga de juventude e companheira da aventura Surrealista, que ele integrou diretamente como membro fundador do grupo português "Os Surrealistas", onde pontuavam nomes como Mário Cesariny, Pedro Oom e Cruzeiro Seixas, entre outros.
Após o desenrolar de uma intensa amizade, seguiram-se décadas de afastamento por questões de geografia. João Artur rumou a Inglaterra nos anos de 1950 e Isabel a Paris. Esta exposição marca assim um reencontro simbólico entre os dois artistas, ambos utilizando a escultura como elemento fundamental para o desenvolvimento da sua expressão visual.
João Artur da Silva, artista multidisciplinar, derradeiro fundador do anti-grupo "Os Surrealistas", cuja primeira exposição, em 1949, celebrou este ano o seu 75.º aniversário, afastou-se do paradigma surrealista ao mudar-se, em 1958, para Inglaterra, onde permaneceu até ao final da década de 1970. Durante esse período, explorou novos meios e linguagens artísticas, ganhando reconhecimento de artistas como Henry Moore e Lynn Chadwick, além de importantes figuras como o então diretor da Tate Gallery. Nos anos 1980, João Artur regressou a Lisboa e, em 1981, organizou o "Atelier Aberto", exposição que marcou o seu reencontro com artistas surrealistas, como Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas e Isabel Meyrelles. Após alguns anos em Portugal, mudou-se em 1991 para o Canadá, onde permanece até hoje. Aí, apesar de nunca ter cessado a sua criação artística, João Artur optou por se afastar das exposições e do mercado de arte, interrompendo o processo de reconhecimento do seu trabalho, que tinha desenvolvido em Inglaterra e em Portugal. A Perve Galeria, que representa o autor desde o final de 2023, procura agora recuperar esse processo. Em janeiro de 2024, realizou uma exposição individual do artista na Casa da Liberdade - Mário Cesariny, a que se seguiu um ciclo internacional em sua homenagem, com exposições individuais nas feiras de arte Art Vancouver, no Canadá, em abril, e na Seattle Art Fair, em julho, onde João Artur esteve em destaque no VIP Lounge. Agora, após esse percurso internacional, a galeria apresenta em Lisboa um extenso conjunto de obras inéditas no contexto nacional, representativas de sete décadas da criação artística de João Artur da Silva.
João Artur da Silva
Sem título / Untitled, 1982
Técnica mista sobre papel / Mixed media on paper
30,5 x 20 cm
Esta exposição retrospetiva, que assinala os 96 anos de vida do autor, tem como convidada especial a escultora, poeta e tradutora Isabel Meyrelles, figura proeminente do Movimento Surrealista Português e Francês. Nos anos 1950, Meyrelles mudou-se para Paris, onde estudou Literatura e Filosofia na Sorbonne e escultura na Escola Nacional Superior de Belas Artes. Na capital francesa conviveu e colaborou com figuras centrais do movimento surrealista, como André Breton, desenvolvendo uma carreira artística tanto na escultura quanto na poesia, dedicando-se também à tradução da obra de outros autores. Na década de 1960, Isabel Meyrelles regressa temporariamente a Portugal. Em Lisboa, manteve-se ligada ao movimento surrealista português, colaborando com artistas como Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas, e explorando novas linguagens e formas expressivas, sobretudo na escultura. Posteriormente regressou a Paris, onde viveu intensamente o maio de 1968, mas, no seu rescaldo, regressou novamente a Portugal. Em Lisboa, na década de 1970, com Natália Correia, que conhecera no final dos anos 1940 na casa da artista húngara Hansi Staël, abre o restaurante O Botequim, ponto central da vida intelectual e boémia da capital. No final da década de 1970, Isabel retornou a Paris, onde continuou a criar e a participar ativamente no cenário artístico. Paralelamente, dedicou-se durante 30 anos à tradução da poesia surrealista, culminando na obra "Poéticas Pós-Pessoa - Antologia do Surrealismo e suas Derivações em Portugal", cujo primeiro volume foi publicado pela Perve Galeria em 2013.
Numa altura em que Isabel Meyrelles está também perto de celebrar o seu 96.º Aniversário, a 6 de março de 2025, e após ter sido destacada na mais recente edição da Bienal de Cerveira, a Perve Galeria apresenta algumas das suas esculturas mais recentes, realizadas em 2023, em diálogo com a escultura de João Artur da Silva.
Isabel Meyrelles
O olho de gato de Mário Cesariny / Mário Cesariny's cat's eye, 2006
Terracota pintada / Painted Terracotta
16,5 x 24 x 20 cm
Ref.: IM4
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On October 5th, the day that João Artur da Silva (b. 1928, Portugal/England/Canada) celebrates his 96th birthday, Perve Galeria is opening the exhibition 'Vitalidade Contínua' (Continuous Vitality), which brings together his artwork, shown for the first time in a retrospective, and that of Isabel Meyrelles (b. 1929, Portugal), his friend from youth and companion in the Surrealist adventure, which he joined directly as a founding member of the Portuguese group 'Os Surrealistas', which included names such as Mário Cesariny, Pedro Oom and Cruzeiro Seixas, among others.
After the development of an intense friendship, decades of estrangement followed for reasons of geography. João Artur went to England in the 1950s and Isabel to Paris. This exhibition thus marks a symbolic reunion between the two artists, both of whom used sculpture as a fundamental element in the development of their visual expression.
João Artur da Silva, a multidisciplinary artist, the ultimate founder of the anti-group 'The Surrealists', whose first exhibition in 1949 celebrated its 75th anniversary this year, moved away from the surrealist paradigm when he moved to England in 1958, where he remained until the end of the 1970s. During this period, he explored new artistic media and languages, gaining recognition from artists such as Henry Moore and Lynn Chadwick, as well as important figures such as the then director of the Tate Gallery. In the 1980s, João Artur returned to Lisbon and, in 1981, organised ‘Atelier Aberto’, an exhibition that marked his reunion with surrealist artists such as Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas and Isabel Meyrelles. After a few years in Portugal, he moved to Canada in 1991, where he remains today. There, although he never ceased his artistic creation, João Artur chose to move away from exhibitions and the art market, interrupting the process of recognising his work, which he had developed in England and Portugal. Perve Galeria, which has represented the author since the end of 2023, is now trying to recover this process. In January 2024, it held a solo exhibition of the artist at Casa da Liberdade - Mário Cesariny, followed by an international cycle in his honour, with solo exhibitions at the Art Vancouver art fairs in Canada in April and at the Seattle Art Fair in July, where João Artur was featured in the VIP Lounge. Now, after this international journey, the gallery is presenting in Lisbon an extensive collection of artworks never seen before in Portugal, representing seven decades of João Artur da Silva's artistic creation.
João Artur da Silva
Sem títutlo / Untitled, 2003
Cerâmica / Ceramic
39 x 15 x 19 cm
Ref.: JAS429
This retrospective exhibition, which marks the author's 96th birthday, has as its special guest the sculptor, poet and translator Isabel Meyrelles, a leading figure in the Portuguese and French Surrealist Movement. In the 1950s, Meyrelles moved to Paris, where she studied literature and philosophy at the Sorbonne and sculpture at the School of Art. In the French capital, she socialised and collaborated with key figures in the Surrealist movement, such as André Breton, developing an artistic career in both sculpture and poetry, as well as translating the work of other authors. In the 1960s, Isabel Meyrelles returned temporarily to Portugal. In Lisbon, she remained linked to the Portuguese surrealist movement, collaborating with artists such as Mário Cesariny and Cruzeiro Seixas, and exploring new languages and expressive forms, especially in sculpture. She later returned to Paris, where she experienced May 1968 intensely, but returned to Portugal in its aftermath. In Lisbon in the 1970s, with Natália Correia, whom she had met in the late 1940s at the home of Hungarian artist Hansi Staël, she opened the restaurant O Botequim, a centre of the capital's intellectual and bohemian life. At the end of the 1970s, Isabel returned to Paris, where she continued to create and actively participate in the art scene. At the same time, she devoted 30 years to translating Surrealist poetry, culminating in ‘Poéticas Pós-Pessoa - Antologia do Surrealismo e suas Derivações em Portugal’, the first volume of which was published by Perve Galeria in 2013.
At a time when Isabel Meyrelles is also close to celebrating her 96th birthday, on 6 March 2025, and after being featured in the most recent edition of the Cerveira Biennial, Perve Galeria is presenting some of her most recent sculptures, made in 2023, in dialogue with the sculpture of João Artur da Silva.
Isabel Meyrelles | Benjamim Marques (1938 - 2012, Portugal)
Cadavre “trop” exquis, tendo por base desenho de Benjamin Marques / Cadavre "trop" exquis, based on a drawing by Benjamin Marques, 2010
Terracota pintada (folha de ouro e prata) / Painted terracotta (gold and silver leaf)
22 x 18,5 x 22 cm
Ref.: IM22